O encontro
quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Crônica Lírica - Daniel Dantas
Crônica Lírica - Bernardo Neto
A MENTIRA
Sob o manto prateado da lua, minha história se desenrolou como um poema trágico. Anna, a musa dos meus versos, era o epicentro do meu universo. Seu olhar, profundo como o abismo da noite estrelada, era o farol que guiava minha alma perdida.
A traição, essa sombra traiçoeira, teceu sua teia em nosso idílio. O vento sussurrou segredos que eu não queria ouvir, mas a verdade me foi revelada na penumbra de um jardim silencioso. Ali, vi Anna, cujo nome significava graça, dançando nos braços de outro cavalheiro, com uma melodia que não era a nossa.
As lágrimas, como pérolas de orvalho, encheram meus olhos, obscurecendo a visão daquela cena desoladora. Meu coração, outrora um poema de amor, agora era uma elegia melancólica. Poesia e dor entrelaçaram-se em meu peito, formando versos amargos e versículos partidos.
Anna, a quem eu dedicara sonetos e odores, agora era um enigma que eu não podia resolver. Seu nome, que ecoara em meus sonhos, agora era como uma canção sem ritmo, perdida no eco do vazio.
A lua, testemunha silenciosa do meu sofrimento, continuava a brilhar, indiferente ao drama humano que se desenrolava sob seu olhar impassível. Ela, que inspirou poetas e amantes,
agora me lembrava de que a vida é um ciclo de luz e escuridão, de alegria e tristeza. No final, minha crônica lírica não é apenas sobre traição, mas sobre a efemeridade do amor e a inevitabilidade da mudança. Como uma estrela cadente no céu noturno, Anna cruzou o meu caminho, deixando um rastro de luz e, em seguida, desapareceu no abismo das memórias. Seu nome, uma vez música para meus ouvidos, agora ecoa como um lamento nas paredes silenciosas do meu coração.
E assim, o poema da nossa história se fecha, com versos entrelaçados de amor e desilusão, sob o olhar impassível da lua, nossa confidente silenciosa, enquanto eu trilho o caminho incerto da noite, em busca de novos versos para minha alma ferida.
Crônica Lírica - Sophia Tupinambá
Lembranças
Ontem fez dois anos que minha vó se foi, dois anos que meu avô chora pelos cantos e faz dois anos que só tenho lembranças dela. Sua avó era a mulher mais bonita e incrível que já conheci, disse meu vô limpando o túmulo dela, enquanto eu estava a cuidar das flores que os familiares deixaram lá, meu velho sempre fala que está bem com tudo isso, mas dá para ver em seus olhos que ele não está bem e especialmente hoje se vê que ele está muito mal, pois amanhã seria um dia muito especial pra ele.
Seria o aniversário de minha vó e o aniversário de casamento deles, por esse motivo estamos aqui, ele queria vim aqui pra comemorar. Depois de arrumar tudo chegamos em casa, minha filha vou preparar um jantar especial, para podermos sempre lembra se sua avó; quando ele falou isso dei um leve sorriso ao lembrar de quando vovó preparava a comida favorita de seu marido.
Agora só fica as lembranças das comidas dela, às vezes que peguei ela reclamando sozinha ou quando brigava comigo e meu vovô por bagunçar a casa com as brincadeiras que fazíamos, lembro do dia em que ela quase bateu no vô por que ele caiu da escada quando estava trocando o telhado e a mesma falou que não era preciso. meu velho aprontava muito com minha velha, mas ele era um homem incrível sempre me ajudou, me apoiava em tudo, mas agora faz 6 meses que ele foi se reencontrar com sua esposa e 6 meses que estou só, lembrando do tempo em que era feliz com eles aqui
Crônica Lírica, Markus Winicius
Entre Mares e Memórias
Sob o tênue céu do pesque e pague familiar, ecoou a voz da memória. O senhor, acolhido pelo
banco gasto, compartilhou suas antigas memórias, e eu me tornei a testemunha do passado
através de seu olhar enrugado.
“Os tempos dourados habitam minha mente”, ele falou, as palavras fluindo como uma suave
correnteza. Ele estava imerso em sua própria nostalgia, e eu, inquieto, ansiava pelas histórias
que seu coração trazia consigo.
Curioso, indaguei: “Qual a face desses dias memoráveis?”. O velho sorriu melancolicamente,
como se um céu estrelado dançasse em suas lembranças. “Eu e meu camarada, navegávamos
incansáveis, caçando peixes para o mercado da cidade”, ele começou, sua voz tingida de
saudade.
“Incrível!” suspirou. “Uma vida transbordante de aventura e prosperidade.” No entanto, sua
expressão, antes serena, tornou-se sombria, como uma nuvem que oculta o sol.
“Ah, sim”, ele respondeu, sua voz embargada. “A vida era doce, até a crueldade de uma doença
ceifar minha amada esposa. Tempos sombrios aqueles, quando a cura era um sonho distante.”
Seu olhar se perdeu no horizonte, como se tentasse vislumbrar uma realidade passada.
“Até que, em um dia fatídico, o oceano rugiu com fúria”, continuou ele, sua voz oscilando como
ondas em tormenta. “Nosso barco, lançado além das fronteiras seguras, desafiou a
tempestade. Em busca de sobrevivência, seguimos Ao madeiramento despedaçado.”
Ele prosseguiu, a dor entrelaçada em suas palavras: “Em meio ao rugido dos elementos, a
morte nos sussurrou com suas gélidas mãos. Meu camarada, meu fiel aliado, foi levado pelas
profundezas inalcançáveis. E ali, nas ruínas à deriva, encontrei-me solitário.”
Em silêncio, o senhor permaneceu, suas lembranças emaranhando-se como algas à deriva.
Acompanhei-o até o desfecho de sua jornada, ao testemunhar sua partida do refúgio das
histórias contadas.
“Grato estou, jovem amigo”, ele disse, um brilho de gratidão em seus olhos calejados. “Por
ouvir as memórias que se escondem dentro de mim. Tu és um farol, dissipando minha solidão.”
terça-feira, 29 de agosto de 2023
Paródia - Canção do amor perfeito - Cecília Meireles - Thayná
O tempo seca a beleza.
Seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
Desunido para sempre
Como as areias nas águas.
O tempo seca a saudade,
Seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
Vagando seco e vazio
Como estas conchas das praias.
O tempo seca o desejo
E suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
Vestígio do musgo humano,
Na densa turfa mortuária.
Esperarei pelo tempo
Com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
Não na terra, Amor-Perfeito,
Num tempo depois das almas.
Paródia - Canção do Exílio, Gonçalves Dias - Walter Anselmo
Minha terra tem torres gigantes,
Onde o Wi-Fi canta em ondas vibrantes,
As praias que anunciam notificações,
E os arranha-céus fazem conexões.
Meu escritório é cheio de luzes brilhantes,
No trânsito, ouço músicas relaxantes,
Ah, quem me dera estar online lá,
Onde a conexão é sempre 4G.
Não permita, Jobs querido,
Que eu me sinta desconectado,
Pois o sinal do celular é fraco aqui,
E a bateria está acabando também.
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Minha terra tem gigas de internet,
Onde a fibra óptica é uma benção bendita,
Os vídeos em HD fluem como um rio,
E o streaming não tem fim, é um desafio.
Ah, quem me dera estar navegando ali,
Nas ondas de bytes que não vão partir,
Mas enquanto o sinal não vem para mim,
Vou esperar com memes, até o fim.
Paródia - A felicidade, Tom Jobim - Thaynara Picanço
Melancolia
Melancolia não tem fim
Alegria sim...
A alegria é como folhas secas
Que o vento vai levando
Voa leve
E tem vida breve
Precisa que haja vento sem parar.
A alegria do adolescente parece
A grande ilusão do carnaval
Se trabalha o ano inteiro
Por um breve momento de diversão
Pois tudo se acaba em quatro dias de curtição.
Melancolia não tem fim
Alegria sim...
A alegria adolescente é sorrir espontaneamente
Já a melancolia parece assolar
Surgem lágrimas como correntezas
A ponto de se transformar num mar.
Alegria é uma coisa louca
Mas tão delicada também
Porque será que ela se dissipa assim?
E a melancolia imprecisa
Teima em habitar dentro de mim?
Melancolia não tem fim
Alegria sim...
Felicidade sim
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
Precisa que haja vento sem parar
Precisa que haja vento sem parar
Tristeza não tem fim
Paródio - Os ombros suportam o mundo , Drummond - Rafaela Nascimento
Os ombros suportam o mundo de Carlos Drummond de Andrade
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dosedifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação
Absoluta Infidelidade de Rafaella Nascimento Batista
Chega um tempo em que não se diz mais : eu te amo. Tempo de absoluta infidelidade Tempo em que não existe mais amo.
Porque o amor resultou em vários corações partidos. E os olhos não choram como antes faziam. E o coração está seco.
Em vão mulheres buscam o amor mais sem resposta pra dá.
Fiscaste sozinho, a luz que antes brilhava se apogou-se mas nas sombras teus olhos resplendecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer.
A busca por amor, os corações quebrados e as discussões sem fim, provam apenas que não e a hora de amar.