A bola de futebol
Em uma tarde ensolarada, no auge de minha juventude ganhei um presente misterioso. Com dedos trêmulos e a ansiedade dominando, abri o embrulho para descobrir uma esfera preta e branca: uma bola de futebol. No quintal coloquei-a na grama tão verde quanto uma esmeralda, tocando com delicadeza enquanto corria sentindo o vento, desencadeando uma ligação instantânea como se aquilo despertasse um belo sonho em mim.
Certos dias, levava para o campo. Onde amigos aguardavam, ansiosos para compartilhar durante uma duradoura e calorosa partida de futebol, corríamos pela grama tão rápido como a luz, sentindo a brisa refrescante que vinha contra meu rosto. Enquanto chutávamos a bola na rede do gol com um chute majestoso, e no raro instante que ela se acomodava lá era envolvida pela enorme rede e um alto e vibrante coro de vozes se unia para gritar GOOL!
Aconteceu-me, certa vez, uma enrascada. Um amigo chutou a bola em direção ao perigo, fazendo a bolam voar até uma janela tão vulnerável quanto um mero inseto. O som do impacto ecoou como um lamento no ar, e a bola quebrou o vidro que se fragmentou em vários pedaços e derrubou um vaso que também se desmontaria naquele trágico momento.
A moça gritou assustada e logo após ficou furiosa como um hipopótamo protegendo seu território, sua expressão me fazia pensar na morte certa. Apesar de não ter tido culpa, passei muitos dias e noites de castigo, num deprimente canto escuro, onde minha única companhia era o chão e as paredes.
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