quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Crônica Lírica - Bernardo Neto

 A MENTIRA

Sob o manto prateado da lua, minha história se desenrolou como um poema trágico. Anna, a musa dos meus versos, era o epicentro do meu universo. Seu olhar, profundo como o abismo da noite estrelada, era o farol que guiava minha alma perdida.

A traição, essa sombra traiçoeira, teceu sua teia em nosso idílio. O vento sussurrou segredos que eu não queria ouvir, mas a verdade me foi revelada na penumbra de um jardim silencioso. Ali, vi Anna, cujo nome significava graça, dançando nos braços de outro cavalheiro, com uma melodia que não era a nossa. 

As lágrimas, como pérolas de orvalho, encheram meus olhos, obscurecendo a visão daquela cena desoladora. Meu coração, outrora um poema de amor, agora era uma elegia melancólica. Poesia e dor entrelaçaram-se em meu peito, formando versos amargos e versículos partidos. 

Anna, a quem eu dedicara sonetos e odores, agora era um enigma que eu não podia resolver. Seu nome, que ecoara em meus sonhos, agora era como uma canção sem ritmo, perdida no eco do vazio.

A lua, testemunha silenciosa do meu sofrimento, continuava a brilhar, indiferente ao drama humano que se desenrolava sob seu olhar impassível. Ela, que inspirou poetas e amantes,

agora me lembrava de que a vida é um ciclo de luz e escuridão, de alegria e tristeza. No final, minha crônica lírica não é apenas sobre traição, mas sobre a efemeridade do amor e a inevitabilidade da mudança. Como uma estrela cadente no céu noturno, Anna cruzou o meu caminho, deixando um rastro de luz e, em seguida, desapareceu no abismo das memórias. Seu nome, uma vez música para meus ouvidos, agora ecoa como um lamento nas paredes silenciosas do meu coração.

E assim, o poema da nossa história se fecha, com versos entrelaçados de amor e desilusão, sob o olhar impassível da lua, nossa confidente silenciosa, enquanto eu trilho o caminho incerto da noite, em busca de novos versos para minha alma ferida.

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