O Bicho, de Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
O Bolo
Vi ontem um bolo, de bobeira em cima da mesa, com muito recheio e cobertura.
Quando chegava alguém, não
oferecia nem guardava, engolia
com velocidade.
O bolo não era de chocolate,
Não era de trigo,
Não era de cenoura.
O bolo, meu Deus, era um sonho
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